domingo, 19 de maio de 2013

Podemos mudar quem somos?


      Texto publicado no Jornal Opinião dia 17/05/2013 

     
      Alguns pacientes, logo que chegam ao consultório de psicologia, fazem essa pergunta. Alguns já estão tão cansados de tudo, ou julgam que já cometeram ou sofreram tantos erros, que chegam sem “fé” - não conseguem mais acreditar numa melhora ou mudança, nem para os outros, nem para si mesmos e sequer para o mundo. Então nos questionam, “será que sou um caso perdido?”, ou “será que consigo mudar?”.
      Embora possa parecer uma questão mais filosófica que científica, a psicologia tem uma resposta contundente. “Sempre” e “nunca” são duas palavras que preferimos não usar, em grande parte das ocasiões, pois não somos seres “matemáticos”. Porém, podemos afirmar que para a maioria dos casos, há possibilidade sim de mudança, significativa, e resultados fantásticos. De megera, a gentil, de inconveniente a respeitosa, de chata a agradável, de insegura a confiante, de compulsiva a ponderada - a transformação pode ser estupenda, no entanto há três pré-requisitos para que ela aconteça: vontade, disciplina, e auto-conhecimento. 
para isso há psicólogas!
Busque ajuda se estiver difícil mudar
      
        A vontade é fundamental, mas nem sempre há “ânimo” suficiente. Por isso o processo de mudança requer certa disciplina, isto é, manter-se firme em momentos em que se possa escorregar. Entretanto, como eu disse antes, não somos exatos – e o entendimento das causas que podem nos levar a comportamentos disfuncionais, que em geral tem raízes profundas, é o ponto-chave de todo o processo. Falar, se escutar, e ter uma intervenção ou orientação psicoterapêutica, auxiliarão o paciente a se auto-conhecer, a desvendar seus motivos inconscientes para o comportamento desagradável, a ter um outro para motivá-lo e dar-lhe suporte emocional. Por isso a psicoterapia pode ser de grande ajuda, para não dizer que é até essencial, na obtenção de bons resultados.

        

        Logo, concluímos que este tripé – vontade, disciplina e auto-conhecimento – serão os alicerces para as mudanças positivas de comportamento. Também constatamos que dificilmente haverá um caso impossível de mudança, e que as chances de sucesso se amplificam com o acompanhamento psicológico. Pessoalmente, já tive o privilégio de acompanhar alguns pacientes não apenas mudarem alguns comportamentos, mas renascerem. Mudanças podem nos reestruturar, melhorar nossas relações e nos fazer evoluir. Acreditemos nelas, senão por fé, então por evidências científicas.

terça-feira, 14 de maio de 2013

Intolerância gera email invadido!

Sou uma pessoa comum. No dia em que resolvi me posicionar na internet acerca de um assunto polêmico - o tal PDL 234/11 que impede a liberdade profissional do psicólogo em prol de ideologias e não de ciência - priu! invadiram meu email.

Pensei, a princípio, que fosse um vírus qualquer. Mas para minha sorte, meu marido é um crânio na área e constatou que sim, alguém invadiu minha conta, a qual com esforços conseguimos recuperar. Tenho esse email há quase 15 anos e nunca nada do gênero havia acontecido.

Nunca pensei que "mostrar a cara" para defender um direito que para mim é tão básico e simples de entender, que é o direito a liberdade individual, fosse me render perseguições. Se dizem que há ditadura na heteronormatividade, penso que querem fazer o oposto: "homonormatividade".

A história é a mesma, só mudam os personagens.

ps: e ciência que é bom, nada. Tudo pura ideologia.

domingo, 5 de maio de 2013

Projeto de deputado não propõe terapias “cura-gay”, e sim a liberdade profissional do psicólogo

      
   Texto publicado no Jornal Opinião dia 10/05/2013


Este assunto é de utilidade pública. Não trata apenas de homossexuais, mas sobre a liberdade no Brasil e o preconceito ideológico do nosso Conselho Federal de Psicologia.

Retrocesso é excluir uma minoria em detrimento de outra!  
PDL FOI APROVADO dia 19/06/13! viva a liberdade e a ciência!!
Os deputados Marco Feliciano e João Campos
      Está havendo uma discussão na mídia sobre o Projeto de Decreto Legislativo 234/11, de autoria do deputado João Campos (PSDB-GO), que objetiva anular o parágrafo único do artigo 3.º e todo o artigo 4.º de uma resolução interna do Conselho Federal de Psicologia, que condena a atuação de psicólogos em tratamentos que auxiliem possíveis homossexuais insatisfeitos com a própria sexualidade. O CFP exige, “indiretamente”, que as psicólogas aconselhem estes pacientes a se "assumirem" homossexuais se quiserem ser felizes - “convencendo-os” a “mudar” seu possível desejo de ser ou de se tornar heterossexuais. Essa pode ser a verdade de muitos, mas não é a de todos (a exemplo dos inúmeros casos de ex-homossexuais, de que falaremos mais adiante). A pena para o psicólogo que der continuidade a psicoterapia, aceitando esse tipo de desejo de seu paciente, é a perda de seu diploma. E no 4° artigo, as psicólogas estão proibidas de manifestar qualquer opinião contrária a isso em meios de comunicação de massa.  
Liberdade de escolha só para homossexuais?
       Essa tal resolução, ocorrida em 1999, a qual deveria supostamente se constituir como “avanço” social ou conquista para os homossexuais, ao meu ver, é uma suspensão crassa da liberdade. Nenhuma psicóloga e nenhum outro ser humano tem o direito, e muito menos a obrigação, de alterar o desejo de ninguém. Isso é o cúmulo. Desde 1973, a homossexualidade não é considerada doença, tanto pela OMS quanto pelo DSM IV. Cada um deve ter o direito de exercer sua sexualidade como bem entender. Da mesma forma que uma pessoa deve ter o direito de ser homossexual, também deve ter o direito de não sê-lo. Creio que isso é de compreensão óbvia.
'Ex-homossexuais': "felizes e com Deus". 
Respeitemos!  

      


        Então, você pode se perguntar: mas em que caso, um suposto homossexual, desejaria se tornar um heterossexual? Há inúmeros casos, relatados em livros e artigos científicos, de pessoas que se dizem “ex-homossexuais”, em especial nos EUA. E em boa parte dos casos, alegam que seu motivo maior para mudar, foi a sua religião. Todos sabem que católicos e evangélicos não concordam com a prática homossexual. E nós, psicólogas, sabemos que para uma pessoa ser feliz, precisa ter atitudes congruentes com seu conjunto de valores e crenças. Se essas pessoas contam que finalmente estão felizes, pois conseguiram ajustar seu desejo sexual às premissas de sua fé - quem somos nós para julgá-las? Por que o Conselho Federal de Psicologia proíbe a elas o atendimento psicológico condizente ao desejo de reconduzir seus desejos sexuais? 
       
Sexualidade não é "definitiva", mas subjetiva
                                                 

       Numa entrevista a rede globo acerca desse PDL, a Psic. Bianca, representando o CRP-SP, afirmou que "cientificamente" é sabido que a homossexualidade (poderia ter dito também heterossexualidade) é considerada uma condição, portanto não passível de mudança, e modificar isso seria algo de muito sofrimento. Desculpe, mas não conheço nenhum cálculo que comprove isso. Isso pode ser verdade para muitos, mas não para todos. Estamos falando de seres humanos, que diferem entre si. A sexualidade não é um número, ela se constrói num corpo e numa mente inseridos numa cultura. Só aí, temos milhares de aspectos subjetivos. Várias psicólogas e psicanalistas contemporâneas,  a exemplo da Psic. Dra. Regina Navarro, dizem, por exemplo, que a tendência da sociedade no futuro é ser bissexual. Se a sexualidade se modifica com a cultura, então ela é inexata, logo o argumento de que é "definitiva", cientificamente falando - é no mínimo, questionável. Já a escolha, a qual está na esfera da liberdade, essa me parece inquestionável. Se o indivíduo julga-se capaz de alterar seus desejos, a psicóloga não pode proibi-lo ou encerrar a terapia ali, como o Conselho obriga. E obriga pautado em que? Cientificamente falando, não há prova alguma acerca da orientação sexual dos indivíduos, apenas teorias, logo, é um absurdo nosso conselho "proibir" nosso trabalho baseado em pura ideologia de militância gay. Freud, uma referência máxima da psicologia, que tem uma boa teoria sobre como se constrói a orientação sexual, fala que a reorientação sexual é possível, ainda que se restrinja a uma minoria. Outro ponto alto da entrevista é a suspensão do artigo 4°, que obriga as psicólogas com uma opinião divergente acerca do assunto, a se calarem. Onde já se viu, por pensar diferente dos demais sobre um tema subjetivo, um profissional ser obrigado a fechar a boca? Precisamos de regulamentações, não de ditadura. (http://g1.globo.com/globo-news/entre-aspas/videos/t/todos-os-videos/v/projeto-que-autoriza-a-cura-gay-e-lancado-na-comissao-de-direitos-humanos-da-camara/2551926/)   
   
Manipulação da mídia distorce o projeto:
não é cura e nada tem a ver com religião,
e sim com liberdade 
Apesar de hoje a aceitação da homossexualidade ser mais ampla – principalmente pelo meio midiático e artístico – vemos que um preconceito ao contrário está surgindo. E vemos que estes formadores de opinião, de modo antiético, estão distorcendo o projeto de João Campos, afirmando que ele propõe a permissão de terapias “cura-gay”, insinuando que o deputado considera a homossexualidade uma doença. Isso é mentira. Outros, enfeitando mais, atribuem a inclusão desse PDL em votação em plenária ao polêmico presidente da Comissão dos Direitos Humanos, Marco Feliciano  – quando o mesmo apenas fez o que é sua obrigação.
         
As psicólogas têm o dever de respeitar a escolha do paciente

     Cada um deve ser livre para ser feliz e exercer a sua sexualidade a sua maneira. Isso é liberdade. O CFP está vetando não apenas a liberdade das psicólogas de atuarem,  como também desse tipo de público ter acesso a uma psicoterapia. Isso é fazer acepção de pessoas. Ou se tem liberdade, ou não se tem. Essa coisa de “liberdade aos gays” e “proibição aos que não querem ser gays”, está mais para uma postura de militância radical gay, que para um Conselho Federal de Psicologia. Tais normativas são uma forma de discriminação, de imposição, e uma falta de respeito. Para não dizer, o tal preconceito reverso. Preconceito se vence com respeito, não com a criação de outro preconceito. E respeito se constrói com liberdade.  Espero que o CFP, assim como toda a sociedade, compreenda que a liberdade é um direito de todos. E a psicoterapia também. 



O TEMA DESSE PDL É LIBERDADE

CLIQUE e assista parte do debate sobre o projeto. No vídeo fica claro como os deputados que defendem a permanência da regulamentação se atem ao questão da cura-gay, que não tem NADA a ver com o projeto, e ainda ouvimos o absurdo do deputado Jean Willys dizer que o psic. Silas Malafaia e a psic. Marisa Lobo não tem cacife para se posicionarem enquanto psicólogos pois "não tem currículo lattes", uau, pensei que meu diploma já me assegurava esse direito. A fala do deputado João Campos é sucinta e clara, e foca no direito a LIBERDADE. Silas Malafaia fala do absurdo praticado pelo CFP, que o está processando por se pronunciar publicamente como pastor (agora psicólogo  não pode ter religião também), finalizando com o pronunciamento do Psic. Dr. Roberto Parloff, ex-presidente do ASSOCIAÇÃO AMERICANA DE PSICOLOGIA: "Banir a terapia de reorientação é errado, porque: 1°, ainda não temos todos os dados; 2° dê ouvidos a eles (os pacientes); 3° vocês estão dificultando as pesquisas". 







Reinaldo Azevedo, colunista da Revista Veja também argumenta a favor desse PDL, excelente reportagem: http://veja.abril.com.br/blog/reinaldo/geral/la-vem-mais-barulho-na-comissao-presidida-por-feliciano-agora-imprensa-inventa-que-projeto-autoriza-cura-gay-e-trata-homossexualidade-como-doenca-e-mais-uma-mentira-influente-ou/#comment-2589119

Seguem os artigos do Conselho Federal a serem sustados se o PDL for aprovado:
Art. 3° – os psicólogos não exercerão qualquer ação que favoreça a patologização de comportamentos ou práticas homoeróticas nem adotarão ação coercitiva tendente a orientar homossexuais para tratamentos não solicitados.” (Este deve se manter intacto, e SOZINHO já garante o despreconceito aos homossexuais)
Parágrafo único – Os psicólogos não colaborarão com eventos e serviços que proponham tratamento e cura das homossexualidades. (este deve ser alterado)
Art. 4° – Os psicólogos não se pronunciarão, nem participarão de pronunciamentos públicos, nos meios de comunicação de massa, de modo a reforçar os preconceitos sociais existentes em relação aos homossexuais como portadores de qualquer desordem psíquica.” (este deve ser alterado).

Para mudar essa situação, apoiamos o PDL 234/11 e convocamos todos os cidadãos brasileiros que defendem a democracia e a liberdade de expressão a enviar e-mails aos deputados da CDHM para que os parlamentares digam “sim” à proposta desse projeto. A seguir, a relação de contatos dos membros da Comissão:

Observação: copie todos os e-mails abaixo e cole-os no espaço para destinatário, enviando para todos os deputados de uma só vez.
dep.liliamsa@camara.leg.br; dep.andersonferreira@camara.leg.br; dep.keikoota@camara.leg.br; dep.pastoreurico@camara.leg.br; dep.henriqueafonso@camara.leg.br;dep.simplicioaraujo@camara.leg.br; dep.antonialucia@camara.leg.br; dep.pastormarcofeliciano@camara.leg.br; dep.otoniellima@camara.leg.br; dep.dr.carlosalberto@camara.leg.br; dep.domingosdutra@camara.leg.br; dep.erikakokay@camara.leg.br; dep.nilmariomiranda@camara.leg.br; dep.padreton@camara.leg.br; dep.marioheringer@camara.leg.br