segunda-feira, 24 de junho de 2013

“Viajar” nos torna melhores

Texto publicado no Jornal Opinião dia 21/06/2013

O prazer é uma necessidade humana, que permeia o equilíbrio de nossa saúde psíquica. Comer, dormir, fazer sexo, ter uma vida social, são algumas formas básicas de obter prazer. Porém, uma das formas mais refinadas e também revigorantes de prazer é o ato de viajar. Exercitam-se vários aspectos mentais, tais como a cognição, a capacidade de adaptação, a habilidade de se relacionar, compreender, tolerar, se comunicar, a facilitação da perda de medos,... Uma mente aberta, associada ao contato com novas experiências e culturas, pode agregar esses benefícios. Mais que um prazer, viajar pode ser um verdadeiro investimento em si mesmo.
Sair de sua casa, sua cidade, ou até país, para conhecer novos locais e pessoas, já demanda uma disposição para o novo. E o novo implica mudanças. Desde o trajeto inicial, já podemos trabalhar pontos importantes. Várias pessoas tem medo de viajar devido ao transporte – andar de avião para muitos é um pesadelo. Para outros, andar em rodovias ou estradas também é, seja de carona ou, principalmente, dirigindo. Assim, viajar pode dar uma chance de trocar esses medos por uma experiência maravilhosa, que pode se traduzir no admirar paisagens, ouvir músicas animadas, interagir com pessoas novas ou com as companhias durante no caminho. A hospedagem num ambiente novo, seja hotel ou casa de parentes ou conhecidos, também já ocasionará uma mudança de rotina, que pode gerar saudade ou vontade de modificar ou melhorar algo em sua casa.
Algumas pessoas, mais tímidas, a partir do contato com uma cultura diferente – culinária, natureza, animais, músicas, idiomas, esportes, jogos, passeios e pessoas com aparência e jeito de ser inusitado – poderão oportunizar com mais desprendimento relações, que vão desde a mais simples situação, como fazer compras ou tomar um café, até a construção de amizades mais sólidas. Afinal, pessoas diferentes requerem ações diferentes da nossa parte, logo alguma mudança no comportamento será inevitável. Também é possível melhorar nosso auto-conhecimento, a partir das reações que tivermos diante das novas experiências; e também agregar valores éticos e morais, com o aumento a tolerância a frustração e ao diferente, a diminuição de preconceitos, a capacidade de independência e de respeito ao próximo. Além disso, estando num local novo onde ninguém lhe conhece, pode ser mais fácil reinventar-se e até ousar mais.

Deixar a conhecida zona de conforto, inevitavelmente, gerará pensamentos, sentimentos e atitudes novas. Mais que uma aquisição de conhecimentos - que pode ser feita pela leitura de um livro, ao navegar na internet, ou numa aula - viajar é ir até lá e conferir, é sentir na pele. Permite-nos entrar em contato com o inédito, e a experiência do contato é insubstituível e necessária ao desenvolvimento e maturidade emocional. Viajar é mais que conhecimento, que lazer, que prazer, é um mergulho dentro de si, dos outros e do mundo. É certo que, após uma viagem feita com um coração aberto, não se pode voltar sendo o mesmo. Volta-se sendo melhor.