Texto publicado no Jornal Opinião dia 21/06/2013
O prazer é uma necessidade
humana, que permeia o equilíbrio de nossa saúde psíquica. Comer, dormir, fazer
sexo, ter uma vida social, são algumas formas básicas de obter prazer. Porém,
uma das formas mais refinadas e também revigorantes de prazer é o ato de
viajar. Exercitam-se vários aspectos mentais, tais como a cognição, a
capacidade de adaptação, a habilidade de se relacionar, compreender, tolerar,
se comunicar, a facilitação da perda de medos,... Uma mente aberta, associada
ao contato com novas experiências e culturas, pode agregar esses benefícios.
Mais que um prazer, viajar pode ser um verdadeiro investimento em si mesmo.

Algumas pessoas, mais tímidas, a
partir do contato com uma cultura diferente – culinária, natureza, animais,
músicas, idiomas, esportes, jogos, passeios e pessoas com aparência e jeito de
ser inusitado – poderão oportunizar com mais desprendimento relações, que vão
desde a mais simples situação, como fazer compras ou tomar um café, até a
construção de amizades mais sólidas. Afinal, pessoas diferentes requerem ações
diferentes da nossa parte, logo alguma mudança no comportamento será
inevitável. Também é possível melhorar nosso auto-conhecimento, a partir das
reações que tivermos diante das novas experiências; e também agregar valores
éticos e morais, com o aumento a tolerância a frustração e ao diferente, a
diminuição de preconceitos, a capacidade de independência e de respeito ao
próximo. Além disso, estando num local novo onde ninguém lhe conhece, pode ser
mais fácil reinventar-se e até ousar mais.
Deixar a conhecida zona de
conforto, inevitavelmente, gerará pensamentos, sentimentos e atitudes novas.
Mais que uma aquisição de conhecimentos - que pode ser feita pela leitura de um
livro, ao navegar na internet, ou numa aula - viajar é ir até lá e conferir, é
sentir na pele. Permite-nos entrar em contato com o inédito, e a experiência do
contato é insubstituível e necessária ao desenvolvimento e maturidade
emocional. Viajar é mais que conhecimento, que lazer, que prazer, é um mergulho
dentro de si, dos outros e do mundo. É certo que, após uma viagem feita com um
coração aberto, não se pode voltar sendo o mesmo. Volta-se sendo melhor.